CAGE FIGHTING

Grecianny Cordeiro
Quando pensei que já tinha visto de tudo; quando pensei que o ser humano já tinha atingido todos os limites da insensatez, deparei-me com uma nova descoberta do que o homem é capaz para se distrair e ganhar dinheiro: o cage fighting entre crianças.
No livro Maré Alta, dos escritores suecos Cilla e Rolf Börjlind, encontrei informações sobre o cage fighting entre crianças, clandestino.
Um dos personagens do livro, um ex-policial que vira um morador de rua, andando pelos subterrâneos de Estocolmo, se depara com jaulas de ferro (não octógonos) onde são colocadas crianças, duas em cada, seminuas, para lutarem uma contra a outra, até que uma delas seja a vencedora, mediante a plateia de considerável número de pessoas, inclusive dos pais dos digladiadores infantes. O vencedor, se ganhar a luta por algumas vezes consecutivas, receberá uma determinada quantia em dinheiro, decorrente das apostas feitas pelos expectadores.
Mas um MMA entre crianças? Crianças a partir de cinco anos brigando com outra, chutando, batendo, socando? E sob o incentivo e a supervisão dos pais?
Estima-se que três milhões de meninos e meninas pratiquem o cage fighting e, em muitas situações, sem sequer usarem luvas ou protetores para a cabeça. Porém, na internet, constatamos que muitas dessas lutas ocorrem em academias, em espaços semelhantes ao MMA dos adultos, com treinadores, árbitros, luvas e protetores.
Nos Estados Unidos existem até campeonatos para esse MMA entre crianças. Sua popularidade é imensa. Em alguns estados americanos essa prática é proibida, ainda assim, os pais procuram uma maneira de colocar seus filhos de até seis anos para lutarem. Existem vários vídeos na internet mostrando essas lutas.
E a controvérsia é grande entre médicos, psicólogos e outros profissionais sobre os efeitos físicos e psicológicos dessas crianças digladiadoras.
Com tanto para se ensinar a uma criança, adestra-la para ser uma gladiadora me soa absurdo.
Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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