Comando Vermelho

Grecianny Cordeiro
No terceiro artigo relacionado ao crime organizado. Falaremos do Comando Vermelho, que hoje se encontra bastante atuante no Ceará, a exemplo de seu antigo parceiro e rival, PCC.
O Comando Vermelho, facção criminosa dotada de impressionante estrutura de organização, surgiu no presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, por volta do ano de 1979, numa época em que ali se encontravam inúmeros presos políticos enquadrados na Lei de Segurança Nacional. De início, o aparecimento do Comando Vermelho decorreu de uma necessidade de se estabelecer uma união entre os presos para sobreviver à violência de seus próprios pares, bem como para se insurgir contra as desumanas condições de encarceramento impostas pelo sistema penitenciário.
Então o Comando Vermelho se organizou, conquistou inúmeros adeptos, eliminou os grandes líderes das facções criminosas rivais (Terceiro Comando e ADA), passou a fazer reivindicações à administração prisional em favor da massa carcerária e desta ganhou respeitabilidade. O Comando Vermelho proclamava a luta pela “Paz, Justiça e Liberdade”, lema que seria adotado posteriormente pelo PCC paulista.
Com o passar do tempo, o CV organizou fugas em favor dos principais dirigentes da organização encarcerados no presídio da Ilha Grande e depois de várias outras penitenciárias; instituiu a “caixinha” da organização, para a qual os seus integrantes deveriam contribuir com dinheiro proveniente dos assaltos, dos sequestros e do narcotráfico, dinheiro esse destinado a pagar advogados, para ajudar os familiares dos presos e para custear o pagamento de propinas a policiais, a integrantes do sistema penitenciário, dentre outros.
O CV conseguiu dominar mais de 70% do mercado de drogas. O dinheiro arrecadado com as ações criminosas, mais precisamente assaltos a bancos e sequestros de pessoas ricas, passou a ser investido no mercado financeiro, na compra de moeda estrangeira, numa lavagem de dinheiro que agigantava o império do crime. Mas essas operações criminosas eram muito caras e arriscadas, as perdas eram significativas, de modo que o comércio de drogas se tornou um negócio mais seguro e lucrativo.
O estado do Rio de Janeiro, por sua vez, não soube lidar de forma adequada na prevenção e no combate às ações do CV, permitindo que descessem o morro e se alastrassem.
O CV hoje está aqui, no Ceará, firme e forte.
O CV e o PCC dominam as prisões e controlam o crime organizado no Ceará.
O difícil é aceitar.
Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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