Como as democracias morrem Ato II

Grecianny Cordeiro

Certa feita, escrevi um artigo sobre o livro dos cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Zablatt, intitulado “Como as Democracias Morrem”, que analisa a crise do sistema político norte-americano, a partir da chegada de Donald Trump à Casa Branca, em 2016.
Em 06 de janeiro de 2021, o Congresso americano fora invadido por apoiadores do presidente Trump, que se recusa a aceitar o resultado das eleições e a derrota para o democrata Joe Biden.
“Como as Democracias Morrem” analisa a chegada de Trump ao poder, mas parece que já antevia o que ocorreria quando de sua saída da Casa Branca.
Vejamos alguns trechos do livro:
“A democracia norte-americana está em perigo? Essa é uma pergunta que nós nunca pensamos que faríamos.”
“Duas normas básicas preservaram os freios e contrapesos dos Estados Unidos, a ponto de as tomarmos como naturais: a tolerância mútua, ou o entendimento de que partes concorrentes se aceitem umas às outras como rivais legítimas, e a contenção, ou a ideia de que os políticos devem ser comedidos ao fazerem uso de suas prerrogativas institucionais. Essas duas normas sustentaram a democracia dos Estados Unidos durante a maior parte do século XX.”
“ (…) último debate presidencial, Trump se recusou a dizer se aceitaria ou não o resultado da eleição se fosse derrotado.”
“Segundo o historiador Douglas Brinkley, nenhum candidato presidencial de peso havia lançado esse tipo de dúvida sobre o sistema democrático desde 1860.”
“Durante a campanha, ele não apenas tolerava manifestações de violência entre seus apoiadores, mas por vezes parecia regalar-se com elas. Numa ruptura radical com as normas de civilidade, Trump abraçou apoiadores que agrediram fisicamente pessoas que protestavam contra eles.”
“Se 25 anos atrás, alguém lhe descrevesse um país no qual candidatos ameaçam botar seus rivais na cadeia, oponentes políticos acusam o governo de fraudar resultados eleitorais ou de estabelecer uma ditadura e partidos usam suas maiorias legislativas para o impeachment de presidentes e usurpação de cadeiras da Suprema Corte, você pensaria no Equador ou na Romênia. Provavelmente, não teria pensado nos Estados Unidos.”
“Durante a campanha de 2016, Trump havia se queixado de que a eleição fora “armada”; depois do pleito, ele fez a extraordinária afirmação de que tinha “vencido a eleição popular, se deduzidas as milhões de pessoas que votaram ilegalmente”.
Alguma semelhança entre 2016 e 2021?

Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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