No último dia 20 de novembro, foi comemorado em todo o país, o Dia da Consciência Negra, criado por meio da Lei 12.519/2011.
A data se reporta ao dia em que faleceu Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes da resistência contra a escravidão dos negros.
O Dia da Consciência Negra possui um grande valor simbólico. É um modo de despertar a sociedade brasileira para a importância do negro em nossa História e, mais que isso, de estimular a tolerância e de eliminar o preconceito.
Porque o preconceito impera em relação aos negros. Só sabe quem é. Só sente quem sofre na pele. Às vezes, um preconceito velado; noutras, escancarado.
O preconceito contra o negro é realmente curioso. Aliás, no Brasil, soa como algo ridículo e hipócrita, afinal, em um país mestiço como o nosso, resultado de uma mistura de raças: o branco português, o índio e o negro, falar de pureza racial parece surreal.
O fato é que, em pleno século XXI, os negros são xingados e agredidos nas escolas, no trabalho, nos estádios de futebol, enfim, em todos os lugares. Algo injustificável. Afrontoso. Cafona.
E desde a abolição da escravidão, ocorrida em 13 de maio de 1888, os negros lutam por um maior espaço na sociedade brasileira.
O Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza lançaram uma interessante campanha nesse mês de novembro, denominada: “Fortaleza e Ceará sem Racismo. Respeite minha história, respeite minha diversidade”, com uma vasta programação cultural, espalhada em vários locais. O objetivo é alcançar uma justiça racial e incentivar o respeito à nossa diversidade cultural e étnica. Nada mais justo.
Porque respeito é tudo.
No Ceará, a campanha contra o racismo tem um valor ainda mais especial, pois a então Província do Ceará foi pioneira na luta contra a escravatura. Não podemos deixar de reconhecer o decisivo papel de Chico da Matilde, o célebre jangadeiro Dragão do Mar.
Dragão do Mar ou Chico da Matilde ou Francisco José do Nascimento, tem seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria desde o ano de 2017, em reconhecimento pela sua bravura e coragem ao desafiar as regras e os homens de seu tempo, recusando-se a transportar escravos para os navios negreiros, os quais seriam vendidos no Rio de Janeiro, no ano de 1881.
Sentenciou Dragão do Mar: “No porto do Ceará não embarcam mais escravos”.
E assim o Ceará foi vanguardista na luta contra a escravatura, o tráfico de escravos e o preconceito racial.
Que aprendamos com os nossos antepassados!
Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça