O JULGAMENTO DE PÁRIS

Grecianny Cordeiro

Quando a rainha troiana Hécuba estava grávida de Páris, ela teve um sonho, no qual via um menino correndo pela cidade em chamas.
Tal sonho fora interpretado, concluindo-se que aquela criança traria a desgraça que destruiria a cidade de Troia.
Diante dessa horrenda premonição, Hécuba e seu esposo, o rei Príamo, resolveram se desfazer da criança, tão logo nasceu, deixando-a na floresta próxima ao monte Ida. O bebê fora recolhido por pastores e criado dentro da mais pura simplicidade, sequer desconfiando de sua real descendência.
Mas os deuses do Olimpo tudo viam e tudo sabiam.
Páris cresceu e se tornou um rapaz de impressionante beleza.
Certa feita, quando descansava à sombra de uma árvore frondosa, Páris fora procurado por Hermes, o deus mensageiro. Ele noticiou ao mortal que, por ordem do próprio Zeus, caberia a ele, Páris, presidir um importante julgamento: decidir qual das três deusas, dentre Hera, Atena e Afrodite, era a mais bela.
A partir de então, Páris não teve mais sossego. Assediado pelas deusas, cada qual tentou convencê-lo de sua imensa beleza. Como último recurso, as deusas tentaram comprar seu voto.
Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, prometeu tornar Páris o mais inteligente e glorioso guerreiro, louvado entre os mortais e os imortais, cujo nome jamais seria esquecido.
Hera, esposa de Zeus, prometeu a Páris um casamento feliz e uma família que o deixaria orgulhoso e realizado.
Afrodite, a deusa da beleza e do amor, prometeu a Páris a mais bela dentre todas as mulheres do mundo.
Embora bastante tentado, Páris não resistiu aos encantos de Afrodite e julgou-a a mais bela dentre as deusas, entregando-lhe o pomo de ouro.
Afrodite cumpriria sua promessa.
Algum tempo depois, Páris fora identificado como sendo o filho rejeitado pelos pais e alçado à condição de príncipe. Quando em uma missão diplomática à cidade de Esparta, onde reinava Menelau, ele conheceria a rainha
Helena, tão bela quanto a própria Afrodite. Os dois se apaixonariam e ele a raptaria, levando-a consigo para Troia e tornando-a sua esposa.
Eis a causa da Guerra de Troia, a culminar com a completa destruição da cidade pelos exércitos gregos.
A exemplo de Páris, nós brasileiros, estamos diante de uma difícil eleição. Dos candidatos, buscamos o menos pior. Eis o dilema.
Seja como for, seja qual for a decisão do eleitor, torçamos para que o escolhido não seja a causa de uma guerra e não nos leve à destruição.

Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *