UM PEQUENO HERÓI

Grecianny Cordeiro

Após passar um longo tempo em busca de algo interessante para escrever, nada encontrei. Devo concluir que o mundo anda realmente muito chato. As mesmas notícias, sempre requentadas, além de histórias que, se procurarmos em jornais antigos, de cinquenta anos atrás, veremos que em pleno século XXI estamos andando em direção ao passado. É como se estivéssemos copiando modelitos antigos de estilo de vida, em suas mais variadas vertentes, em busca de um glorioso tempo que nunca houve, ao invés de olharmos para a frente e procurarmos criar algo novo e edificante.

A mulher negra que o policial pisou em cima do pescoço dela, arrastando-a pela rua; a covid 19 atingiu o platô; as vendas pelas internet aumentaram; o Brasil vota na ONU propostas contra os direitos das mulheres, acompanhando alguns países árabes; o desmatamento na Amazônia aumentou; e como não poderia deixar de ser, a lenga lenga continua: usar ou não cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento para o coronavírus. E no meio disso tudo estamos nós, mais desinformados do que nunca, a despeito de tanta informação, para todo tipo de gosto.

Finalmente, encontrei algo digno de nota: um garoto de apenas seis anos de idade salvou a vida de sua irmã mais nova, nos Estados Unidos, mais precisamente no estado de Wyoming. Ao ver que um cachorro avançava contra a irmã, Bridger Walker colocou-se no meio e foi ferido pelo feroz animal. O garoto ficou com o rosto bastante lesionado, chegando a levar 90 pontos. Mas sua irmãzinha estava salva.

Bridger Walker teve reconhecido seu ato de bravura e até mesmo os atores que interpretam os personagens de “Os Vingadores”, postaram mensagens de elogio ao pequeno herói.

Afora o ato de heroísmo do jovem Bridger Walker, nada mais de interessante consegui encontrar caro leitor. Confesso que cacei notícias boas, capazes de renovar as nossas esperanças em um mundo melhor. Mas não encontrei. Mesmo assim, creio que sempre, alguém, em algum lugar da imensidão desse Planeta, está fazendo algo de bom.

É por essas e outras razões que nunca podemos prescindir da arte, nas suas mais variadas formas de manifestação: literatura, pintura, escultura, teatro, música… Senão, o fardo da vida real fica muito pesado.

Como bem disse Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas: “No real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim. Pelejar por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso.”

 

Grecianny Carvalho Cordeiro

Promotora de Justiça

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