Vivemos tempos estranhos

Grecianny Cordeiro

Como diz a letra da canção: “o mundo está ao contrário e ninguém reparou”.
No mundo do politicamente correto, tem que ter muito cuidado com o que se diz, sob pena de ser mal interpretado. De repente, vale mais o que se diz – pesado e medido – do que a sinceridade com que se diz. E nisso, as coisas se inverteram, pois o importante é falar o que os outros querem ouvir, embora não seja necessariamente o que você pensa.
Hoje, tudo é motivo para discórdia. Hoje, as frases ditas e mal ditas por uma pessoa, especialmente se político, tem o condão de gerar uma dissensão nacional.
E aí voltam as intrigas, os bate-bocas nas redes sociais, a repercussão dada pela imprensa. As pessoas então embarcam nessa onda, movidas por uma paixão quase juvenil, lançando imprecações, tratados filosóficos e sociológicos, etecetera e tal.
Esquecem as pessoas que aquilo que é idiota não deve ser supervalorizado, superdimensionado, dando-se importância em demasia à imbecilidade, propagando-a com a velocidade da luz.
Num dia, a pessoa posta no facebook e no instagram que homens e mulheres são iguais em direitos, que a igualdade de gêneros deve ser assegurada. No dia seguinte, alardeia que todo mundo deve escrever como uma garota, porque as mulheres tiraram as maiores notas em redação no Enem.
Num dia, a pessoa prega o amor ao próximo, a solidariedade, a caridade, a liberdade expressão e de opinião. No dia seguinte, posta nas redes sociais comentários grotescos sobre ser burro e imbecil porque se votou em fulano ou sicrano, porque se apoiou determinada causa ou não.
Hoje, quando chegamos em algum lugar, antes de emitir qualquer posicionamento sobre qualquer coisa, temos que primeiro avaliar o terreno, procurar saber quem são as pessoas que ali estão, para então podermos dizer o que pensamos. Se o ambiente for favorável, podemos ser sinceros. Se for desfavorável, melhor calar ou se retirar.
Muito se fala em liberdade de expressão. Muito se cobra quanto ao direito de falar, de emitir opinião, no entanto, tal liberdade se esbarra, principalmente, em nossa própria intolerância, em nossa incapacidade de compreender o outro, sem necessariamente ter que concordar ou ter que bater palmas.
Vivemos tempos estranhos.
Exigimos receber sem dar. Queremos falar sem ter que ouvir. Apontamos sempre o dedo para o outro sem jamais fazermos uma autocrítica. Amigo bom é o que concorda com nossos pontos de vista. O falar importa mais que o agir.
Digressões…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *