HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA NO CEARÁ DO SÉCULO XX

Grecianny Cordeiro

De autoria de Ary Bezerra Leite, “História da Fotografia no Ceará do Século XX – volume I (1900 a 1930)”, é um livro que, primeiramente, encanta pelos olhos, a bela capa e encadernação, a primorosa diagramação, as fotografias que encontramos ao folheá-lo, obedecendo uma perfeita estética entre fotos e textos. Em um segundo momento, o livro mostra-se rico pelo seu conteúdo histórico e resgate de memórias.

Ary Bezerra Leite é consultor na área de administração, além de jornalista e pesquisador da histórica cearense e do cinema, sendo integrante da Academia Cearense de Cinema e sócio efetivo do Instituto do Ceará.

Na Apresentação, Silas de Paula pontua que o livro “é um passeio por três décadas de um passado que coloca o Ceará em um novo patamar na história do Brasil”. E ressalta as fotografias enquanto memórias e suas significações, verdadeiras “relíquias do nosso tempo.”

Segundo o autor, a obra resgata a trajetória da fotografia cearense, por meio dos registros feitos por fotógrafos, dentre profissionais e amadores, ao longo da história, em momentos de “convulsões políticas e sociais, rebeliões armadas e o flagelo do cangaço”, desnudando um tempo que, para muitos, parece perdido.

Por meio do livro de Ary Bezerra Leite podemos fazer uma viagem ao passado e percorrer a Rua Senna Madureira e o Passeio Público, em 1890, quando Fortaleza tinha apenas 35 mil habitantes; conhecer o fotógrafo Moura Quineau, em seu atelier que funcionava “quer chova quer faça sol”;  apreciar os belos cartões postais de Edmond Levy; conhecer o Majestic Palace Hotel e o Majestic Cinema Theatro; a foto de Floro Bartolomeu e seus jagunças; conhecer a “passeata das moças”, em favor da candidatura de Franco Rabelo, de iniciativa da Liga Feminina pro-Ceará Livre, tendo à frente Odele de Paula Pessoa;  acessar o acervo de Militares Ingleses, com fotos da Praça do Ferreira, da Praça da Estação, da Lagoa de Messejana, do Açude Cedro; apreciar as fotos de Tertuliano Salles: a Praça da Sé, as praias do Mucuripe e de Iracema; acessar o acervo de Mário de Andrade, que se denominava “Fotógrafo Aprendiz”. Igualmente encantador é o acervo do álbum de memórias de Gláucia Ribeiro, filha do pintor e fotógrafo J. Ribeiro…

“História da Fotografia no Ceará do Século XX – volume I (1900 a 1930)” me fez voltar a um tempo que não conheci, e parafraseando um trecho da canção Índios, me bateu uma saudade de tudo que não vi.

Grecianny Carvalho Cordeiro

Promotora de Justiça

https://oestadoce.com.br/opiniao/historia-da-fotografia-no-ceara-do-seculo-xx/

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