DE PASSAGEM

Grecianny Cordeiro

A literatura, decerto, é uma rica fonte de conhecimento, capaz de nos levar a lugares inimagináveis, despertando-nos sentimentos novos e mostrando-nos que vários são os caminhos que nos levam à Roma.

Certa feita, um convite de lançamento de um livro divulgado em um grupo de WhatsApp chamou minha atenção: “De passagem: essas destemidas aventureiras que deixaram suas marcas no Ceará dos séculos XIX e XX.” Curiosa, entrei em contato com a autora Angela Barros Leal, a quem não conhecia, e mostrei meu interesse em adquirir a obra. Muito receptiva, logo entabulamos uma agradável conversa e constatamos a existência de vários interesses em comum, em especial, a História.

Pois bem, ao começar a ler “De passagem: essas destemidas aventureiras que deixaram suas marcas no Ceará dos séculos XIX e XX”, foi difícil parar até chegar à última página. Um livro de narrativa agradável e envolvente, em que a autora nos revela fatos muitos interessantes da História cearense a despertar a atenção e o interesse do leitor.

A apresentação coube ao saudoso Gilmar de Carvalho, que atestou a escrita objetiva jornalística da autora mesclada com prosa poética, deixando-nos várias “possibilidades de leitura”, nos confidenciando as marcas deixadas por mulheres icônicas que, mesmo de passagem pelo Ceará, foram e são inspiradoras.

Das dez mulheres relatadas no livro encontram-se: Eugênia Infante da Câmara, a musa do poeta Castro Alves, que estreou uma peça no Teatro Taliense de Fortaleza, em 1864; a culta princesa Teresa da Baviera e seu mocó maranguapense, o bichinho selvagem pelo qual se afeiçoou, levando-o consigo para a Europa e domesticando-o para bem viver conforme as regras da Corte; a jornalista Marie Robinson Wright, ciceroneada pelo Barão de Studart, onde reservaria algumas páginas sobre o Ceará em seu livro The New Brazil; a aviadora Amelia Earhart também esteve no Ceará nos idos de 1937, para fazer a manutenção de seu Lockheed e daqui mesmo partiria para concluir sua volta ao mundo, sonho esse que não realizaria, pois desapareceria misteriosamente; em 1960, estiveram no Ceará Simone de Beauvoir e o esposo Jean-Paul Sartre, hospedando-se no São Pedro Hotel e sendo recebidos pelo escritor Milton Dias; em 1972, o município de Uruburetama recebia em festa sua filha ilustre: a atriz Florinda Bolkan, que fizera sucesso nas telas da Itália e do mundo.

O livro “De passagem”, em verdade, veio para ficar em nossa memória.     

Grecianny Carvalho Cordeiro

Promotora de Justiça

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *