HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA NO CEARÁ DO SÉCULO XIX

Grecianny Cordeiro

“História da Fotografia no Ceará do Século XIX” é mais um livro de autoria de Ary Bezerra Leite. Já havia lido e apreciado outro livro seu, “História da Fotografia do Ceará do Século XIX – volume I (1900 a 1930)”.

O primor das edições dos livros de Ary Bezerra Leite, por certo, são sua marca registrada. Da diagramação à capa, do texto às fotografias, tudo converge para uma estética impressionante.

Silas de Paula apresenta o livro e atesta sobre o autor: “Ele mergulha na incompletude do processo histórico criando uma peça impregnada de memórias e significações (…) transforma os vazios da incompletude numa diversidade de caminhos possíveis.”

O prefaciador Pedro Krap Vasquez, por sua vez, denomina Ary Bezerra Leite de “guardião do tempo”, um termo que teria tomado de empréstimo da escritora Socorro Acioli, ao se referir ao autor. E vaticina: “é uma obra que já nasce clássica e nos faz ansiar por sua anunciada continuação.” 

O livro registra o trabalho do irlandês Guilherme Frederic Walter, responsável por introduzir a fotografia em Fortaleza (1848); em seguida, é a vez de Joaquim José Insley Pacheco, o primeiro fotógrafo habilitado em Fortaleza; além de vários outros profissionais de relevância nesse mister, a exemplo de Pedro Ignácio de Souza Rabello, Pinto de Sampaio, Francisco Sabino Lopes Brandão, dentre outros fotógrafos, daguerreotipistas e retratistas.

Interessante o registro da visita que a Princesa Teresa, da Baviera, fez a Fortaleza, em 1888, com fotos por elas tiradas da cidade de Fortaleza e, também, de Maranguape, de uma jangada, carnaubeiras e um carro de boi. Além disso, o autor menciona o presente que a princesa recebeu, um mocó (um roedor), que seria seu animal de estimação, para espanto da população. A história da princesa e de seu mocó é maravilhosamente contada pela escritora Ângela Barros Leal, em seu livro “De Passagem”, sobre o qual já escrevi.

Ary Bezerra Leite nos conta sobre o protagonismo feminino na fotografia, com o surgimento do Photo Club Cearense, em 04.07.1899, presidido por Maria da Glória Rabello Barroso. E diz: “Apesar de excluídas, até então, de associações amadoras, as mulheres aparecem como ativas empreendedoras desde o início da daguerreotipia.” Merece destaque o belo relato de Angela Guitérrez sobre sua tia Judith Rossas.

“História da Fotografia no Ceará do Século XIX” é mais que um livro, é obra de arte da mais fina sensibilidade.

Grecianny Carvalho Cordeiro

Promotora de Justiça

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