PENTAVIA

Grecianny Cordeiro

Pentavia é o título do livro de Léo de Oliveira Alves, exímio diagramador, poeta surpreendente.

Cinco vias, cinco caminhos, cinco trajetos: Pentavia. O livro é dividido em cinco partes: A Estrada do Amor; A Passagem Mística; A Via do Caos; O Caminho da Dor e, por fim, A Trilha da Morte.

“Percorri cinco vias. Neste itinerário, com os cinco dedos de minha mão direita, escrevi. Transformei as emoções em letras. Com lápis, canetas, caracteres, anotei meus sentimentos para posteriormente dar-lhes forma de poesia. Com os cinco dedos da mão esquerda, apoiei o queixo, limpei o suor e escondi as lágrimas. Afaguei o peito e dei apoio aos papeis onde rabisco a arte.”

Eis o fazer poético do autor. Uma poesia pungente, a transbordar as dores da alma, quando se perde uma metade de si até o enlouquecer, e então surge o amor: “Mas você veio. Surgiu como iluminado farol/ a luz para recobrar minha razão./ Veio suave, pela neblina, como um sol/ dispersando a névoa com seu clarão.”

Mas a Roda do Tempo segue, em ciclos, tecendo a vida no plano terreno e divino. Cultos, deusas, purificações, numerologias, numa “passagem mística”, até encontrar Deus: “Ele está na grama, no puro jasmim. / Eu vejo Deus em você./ Eu vejo Deus em mim.”.

Na “via do caos”, tantos contrastes e semelhanças, noites de agonia, terra sem memória, “violentada por monstros sem história”, mazelas, confabulações: “Procurei em mim, o feminino,/ e ele veio em lágrima./ Almejei a paixão, e encontrei silêncio./ Busquei a criança interna. Escutei risos. (…)”

A dor passa por caminhos. Feridas que sangram sem nunca fecharem. Lágrimas e saudade. “Me resta apenas continuar a lutar/ independente de quem seja a vitória/ a verdade ainda há de triunfar.”

Na “trilha da morte”, cruzei seu vale e “banhei-me nas águas do Estige/ sequei minhas roupas nos Elíseos./ Vi barcos, estradas, escadas/ passeei por um Grande Lar/ e cheguei num banquete pós-guerra./ Troquei uma prosa com São Pedro/ pedi moedas a Caronte/ e as pesei na balança de Anúbis./ Ouvi o canto dos arcanjos/ dancei com diabos/ beijei a mão óssea de Hella. (…) De fato, não me acostumo/ a tantas vezes morrer por amor.”

Júlia Trevas, prefaciadora do livro, muito bem define o sentimento do leitor de Pentavia: “em cada poesia, podemos refletir sobre o que está impresso em suas linhas. Algumas soam como se eu mesma as tivesse escrito, de tão semelhantes os sentimentos.”

Pentavia é um pouco de mim e de cada um de nós.

Grecianny Carvalho Cordeiro

Promotora de Justiça e Escritora

 

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