TRÁFICO DE ÓRGÃOS

Grecianny Cordeiro

Quando escrevi o livro: “Operação Prometeu – Nos bastidores do tráfico de órgãos”, um romance policial em que uma delegada federal, com a ajuda de um jornalista, investiga uma organização criminosa especializada em tráfico de órgãos para fins de transplante, assim deixei registrado na “nota da autora”:
“O presente livro é pura ficção e todos os personagens são igualmente fictícios, mas sua temática é bastante real.
O tráfico de órgãos para fins de transplante possui várias feições, descritas no decorrer do enredo, existindo verdadeiras quadrilhas especializadas neste comércio ilegal, cada qual com um modus operandi específico. E pasmem: existe até um tipo de turismo criado somente para viabilizar os transplantes de órgãos!
No Brasil, foram detectados diversos casos relacionados ao comércio ilegal de órgãos para fins de transplante, bem como um descuido quanto à aplicação das normas existentes para levar a cabo esses procedimentos, com profissionais processados e condenados por vários crimes.
No ano de 2004, foi instalada no Congresso Nacional uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito, destinada a investigar as organizações criminosas atuantes no tráfico de órgãos humanos, a qual estudou, com acuidade, casos emblemáticos, a exemplo da Operação Bisturi, do Caso Pavesi, do Caso Taubaté e do Caso Athaide Patreze.
A referida CPI, em suas conclusões, constatou que os casos investigados “possuíam em comum a complacência dos envolvidos, e, até, certo descaso, pela aplicação das normas existentes, além de desorganização no sistema local de assistência à saúde e inadequada fiscalização e avaliação dos serviços de transplante.”
O resultado da CPI do tráfico de órgãos permitiu a elaboração de uma moderna legislação com vistas a evitar irregularidades nos procedimentos relacionados ao transplante de órgãos, criando um sistema organizado e de rígido controle por parte das autoridades ligadas à saúde pública.”
Ano 2000.
Desde que descobriu que seu filho Paulo Veronesi Pavesi teve seus órgãos retirados de forma ilegal na Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas, após sofrer um traumatismo craniano, o pai Paulo Pavesi deu início a uma luta hercúlea para que os responsáveis fossem punidos.
Ano 2022.
O médico Álvaro Ianhez foi condenado pelo tribunal do júri pelo crime de homicídio qualificado, a uma pena de 21 anos e 8 meses, em regime fechado, pela morte do menino Pavesi.
A verdade sempre vence.

Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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